3 de setembro de 2011

A censura do coronel

O ainda prefeito de Montes Claros, deu um tiro no pé ao mandar a justiça de Montes Claros censurar o DAQUI
O ainda prefeito de Montes Claros, deu um tiro no pé ao mandar a justiça de Montes Claros censurar o DAQUI


*Waldo Ferreira
Um dos maiores pilares da democracia - e sua salvaguarda - é a imprensa livre. E é precisamente o Judiciário o porto seguro onde deveria atracar, sem risco de mergulhar nas águas tortuosas do autoritarismo, a liberdade de pensamento e expressão, tão bem garantida pela Carta Magna.
Por isso, é motivo de alarme e preocupação o fato de o ainda prefeito, como nos tempos do coronelismo, mandar recolher das bancas o Daqui. Como se fazia naquele tempo, Leite colocou a vestimenta da lei, determinou e uma Justiça obediente acatou. Um mês e meio depois ainda carece de explicação tal aberração, que incluiu também a proibição de o jornal circular na internet.
É inevitável estabelecer relação com a época em que um prefeito era, na prática, o dono da cidade. Portanto, personificava a lei e a aplicava de acordo com suas conveniências, à revelia e, não raras vezes, com a conivência de juízes e delegados. Para tentar calar o Daqui o ainda prefeito conseguiu a façanha de fazer o Judiciário, tão criticado por seus passos de tartaruga, de repente se tornar célere, julgando em tempo recorde e determinando, num piscar de olhos, a busca e apreensão do informativo.
E mais: o prefeito “coronel” não precisou se expor às chateações impostas pela burocracia judicial aos cidadãos comuns. Sim, porque, como convém a um bom “coronel”, ele passou por cima das formalidades. Inclusive na execução da liminar que tirou o Daqui das bancas, cumprida por outro coronel (este de patente), chefe da Guarda Municipal. A forma como tudo ocorreu nos leva a indagar qual a razão de o ainda prefeito ter tamanha regalia. O que nas entranhas do Fórum a permitir tal descalabro? Por fim, o que se esconde no ambiente forense, que a população desconhece?.
No frigir dos ovos, o “coronel” Leite acabou se beneficiando de um precedente, tendo em vista o atendimento aos seus interesses políticos  próximo ao ano eleitoral. Não lhe convinha ser exposto como verdadeiramente é naquele 15 de julho, dia em que o governador Antônio Augusto Anastasia, seu desafeto, visitava Montes Claros.
Ao tentar calar o Daqui ele deixa notório seu obscuro perfil de perseguidor, historicamente intolerante às opiniões contrárias. A edição 14, que o ainda prefeito mandou censurar, não trouxe ataques pessoaisapenas informação, baseada em amplo noticiário da imprensa mineira, colocando governador e prefeito em rota de colisão. A ofensiva do “coronel” prefeito dá-se unicamente pelo fato de o Daqui ter um posicionamento cidadão e optar por uma linha editorial contra a atual gestão municipal e em defesa da cidade.
*Waldo Ferreira é editor do Jornal DAQUI
Publicado originalmente em http://www.emcimadanoticia.com
 

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