9 de setembro de 2011

Prefeito de Montes Claros tenta calar o Grito dos excluídos


O ainda prefeito de Montes Claros Tadeu Leite com o apoio da Polícia Militar, tentou  proibir os manifestantes do Grito dos Excluídos de protestarem contra os desmandos da sua administração. Com o apoio a tropa de choque da PM, que é ágil para retaliar os movimentos sociais, mas incompetente para coibir a violência na cidade, onde a criminalidade aumentou assustadoramente nos últimos três anos, os policiais montaram um cerco para barrarem os manifestantes de participarem do desfile de 7 de Setembro.
Nos últimos 18 anos, foi a primeira vez que os manifestantes do Grito dos Excluídos, mesmo de forma pacífica, foram proibidos de defenderem suas bandeiras e protestarem contra as injustiças e a corrupção que assola o país, e principalmente a cidade.

Com a participação das pastorais, movimentos sociais, professores em greve, estudantes, os manifestantes concentraram na Praça da Catedral para celebração ecumênica, quando refletiram a Palavra de Deus com base na e na vida, dançaram ao ritmo de músicas cristãs populares e mostraram e valorizaram a cultura do município e região. Além disso, diversas faixas, que traziam as reivindicações sociais da cidade, forraram como um tapete a Praça da Catedral. Havia gritos contra a homofobia, a corrupção eleitoral, o descaso com a aplicação dos direitos e deveres das crianças e dos adolescentes, denúncias de desvios de recursos públicos, contratações irregulares de funcionários, etc.
O arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom José Alberto Moura, durante o seu comentário na celebração ecumênica e interreligiosa, atentou os presentes para que a Igreja seja discípula missionária de Jesus Cristo a serviço da vida e da dignidade para todos. “Nós precisamos de mais segurança, moradia, mais dignidade na convivência humana”, afirmou o arcebispo dom José Alberto. “Então é a pobreza do ser”, no seu sentido espiritual de humildade, “com a riqueza de Deus que nós vamos promover a dignidade para todos”, declarou. O arcebispo metropolitano motivou os fiéis cristãos e demais cidadãos a seguir o exemplo de Jesus Cristo e aconselhou transparência e mais convicção na “vida das organizações” para que “elas não se corrompam” tão facilmente, como acontece hoje.
Depois da partilha dos alimentos do ofertório ecumênico, por volta das 9h, o Grito dos Excluídos em MOC saiu da Praça da Catedral. Centenas de pessoas das paróquias e demais movimentos e pastorais sociais caminharam entoando cantos populares pela Rua Dom Pedro II, no centro da cidade, afunilaram-se pela Travessa Cônego Marcos, viraram à direita na Avenida Coronel Prates (a do Colégio Berlaar Imaculada Conceição e do Hipermercado Bretas), deslocaram-se à esquerda pela Rua Reginaldo Ribeiro, novamente à esquerda, na Rua Gabriel Passos (a do Dubai Apart Hotel). Foi que o Grito passou momentos de tensão. Como em 2009, a Tropa de Choque da Polícia Militar de Minas Gerais impediu que os manifestantes entrassem na Avenida Deputado Esteves Rodrigues (Sanitária), onde acontecia o Desfile Comemorativo dos 189 Anos da Independência do Brasil.
Drible

Os manifestantes então resolveram retornar pela Rua Gabriel Passos e descer o resto da Rua Reginaldo Ribeiro. Como em 2010, entraram na Avenida Sanitária e chamaram bastante atenção dos cidadãos montesclarenses que estavam no Desfile da Independência, além da mídia local e, claro, dos policiais militares, que, surpresos, deslocaram-se da Gabriel Passos para a Avenida Sanitária. A intenção do Grito dos Excluídos deste ano em Montes Claros era encerrar esta celebração por vida digna para todos na entrada da Prefeitura Municipal de Montes Claros, com aconteceu no ano passado. No entanto, com muito esforço mesmo, a Tropa de Choque da Polícia Militar de Minas Gerais isolou toda a Avenida Sanitária e a Prefeitura, o que impediu que os manifestantes terminassem o ato com “um grande peneirei fubá” pela garantia dos direitos sociais básicos garantidos pelo presidente Getúlio Vargas desde a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e, recentemente, pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, sem as atuais emendas, colcha de retalhos ou brechas na legislação. Apesar da aplicação de um regime considerado ditatorial, Vargas foi o único presidente que tinha um projeto realmente de nação para o Brasil.

Com o impedimento da Tropa de Choque da Polícia Militar de Minas Gerais, a solução encontrada pelos manifestantes do Grito foi seguir em protesto, debaixo de sol quente e clima seco, por toda a Avenida Sanitária, passar pela Prefeitura e pela Câmara Municipal, e concluir o ato no estacionamento da Prefeitura, onde, desde segunda-feira (05/09), Via Campesina, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), dentre outros, estavam acampados para assembleias populares e audiências públicas que discutiram o impacto da construção de barragens e da mineração na vida das pessoas da região. Esses movimentos também participaram do 17º Grito dos Excluídos.

No estacionamento da Prefeitura, com barracas de lona preta armadas na área central, novamente o chão acolheu um verdadeiro tapete das faixas de protesto e os manifestantes rezaram a Oração Universal do Pai Nosso. O arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom José Alberto Moura, participou de toda a caminhada deste Grito. Agora com uma providencial sombrinha na mão para se proteger do sol, dom José Alberto ressaltou que são os governantes que devem trabalhar para o povo. São eles o empregado do povo, e não o contrário, salientou.
Com informação do Blog Peneirei Fubá

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